Chakras, Budas, Nível Sutil. Prana
Fremantle
Francesca
Em certas meditações, os cinco budas podem ser
colocados em diferentes chakras, da mesma forma como trocam de lugar no círculo
da mandala. Na yoga da deidade, a visualização dos chakras muitas vezes é
extremamente detalhada, com diferentes deidades e mantras em cada pétala dos
lótus. Todos os detalhes de cores, número de pétalas, sílabas e assim por
diante variam de prática para prática, portanto é impossível fornecer uma
contagem do corpo sutil que se aplique a todas as situações.
O nível muito
Sutil
Quando
chegamos ao nível muito sutil, existe ainda menos possibilidade de descrevê-lo
em linguagem comum. Contudo, ele é retratado como dois bindus, um branco e um
vermelho de essência masculina e feminina, unidos como um porta-jóias redondo e
fechado, no centro do chakra do coração.
Ele é chamado
de o bindu indestrutível. Dentro dele está a energia de vida fundamental, o
prana muito sutil, apoiando a mente muito sutil, cuja natureza é luminosidade.
Aqui o prana corresponde ao corpo, porque
serve de apoio e veículo da mente. Os dois são idênticos em essência e se
distinguem apenas pelas suas funções: o prana se relaciona ao aspecto do
movimento, enquanto a mente é o aspecto da consciência.
O bindu
indestrutível é eterno e imutável. Continua de vida para vida, sem início e sem
fim. É a natureza básica de nossa mente e a essência da vida, uma continuidade
de consciência luminosa, Ele é bodhichitta, o coração-mente desperto, e é tathagatagarbha,
a natureza de buda intrínseca que todos nós possuímos, mas não percebemos.
Somos
incapazes de reconhecê-lo porque nossa mente está sempre ocupada com o nível
grosseiro, exterior da existência. A consciência ordinária é incapaz de
percebê-lo; somente quando os níveis mais grosseiros cessam é que os níveis
mais sutis podem se manifestar.
Atingir um
estado muito sutil significa que todos os aspectos relativamente grosseiros do
prana e da mente devem ter entrado no nadi central e em seguida se dissolvido
no bindu no centro do coração.
Isso acontece
involuntariamente na morte, por isso se diz que a luminosidade da morte aparece
para todos os seres conscientes, mas se eles não tiverem se acostumado com ela
durante a vida não a reconhecem.
Sempre que
vamos dormir, penetramos no nível muito sutil, algumas vezes retornando ao
mundo sutil dos sonhos e outras permanecendo no estado luminoso do sono
profundo e sem sonhos. Já que não podemos reconhecer e permanecer na
luminosidade, parece-nos que perdemos a consciência. Mesmo para aqueles que
podem reconhecê-la, a experiência da luminosidade do sono não é tão profunda ou
completa quanto a da morte,porque nem todo o prana se dissolveu; uma parte
permanece circulando através do corpo para mantê-lo vivo e respirando.
Diz-se que um
breve lampejo da luminosidade também ocorre no orgasmo, no desmaio e mesmo ao
espirrar, mas de novo não o notamos. A prática vajrayana especial da união
sexual cultiva essa potencialidade, usando a energia da paixão e a experiência
da bem-aventurança para intensificar a consciência e romper todas as obstruções
ao despertar.
Por meio deste
e de outros métodos que pertencem ao estágio do yoga da deidade, o praticante
ou a praticante pode passar pelo processo que ocorre na morte, culminando no
reconhecimento da luminosidade, sem que o corpo precise morrer.
Essa é a
realização do dharmakaya, a fonte última da vida e de todas as aparências. A
partir desse estado, a pessoa pode então tomar um corpo de forma, surgindo com
o corpo de uma deidade no sambhogakaya ou com um corpo físico no nirmanakaya. É
assim que a pessoa manifesta de fato os três kayas no caminho.